quinta-feira, 11 de abril de 2013

Serra da Capivara - Piauí


Luiz Citton/UOL
Serra da Capivara, no Piauí, mostra que o homem pré-histórico realmente tinha muito bom gosto


Ao caminhar pelas trilhas e passarelas do Parque Nacional da Serra da Capivara fica fácil imaginar os motivos que levaram o homem pré-histórico a escolher aquela região como lugar para morar. A exuberância natural é de encher os olhos: o dobramento da serra em eras geológicas passadas colocou de pé o que antes era o fundo do mar e de alguns rios. Os paredõesexpõem, como em uma imensa galeria, o desenho singular das rochas sedimentares, dos seixos, e os vestígios da deposição de materiais, através dos tempos, no fundo das águas.

Essa foi a paisagem que os primeiros habitantes da América encontraram quando, entre 60 a 100 mil anos atrás, chegaram por aquelas terras e lá encontraram um "paraíso". A região, na época de seus primeiros moradores, era um território de encontro de dois domínios vegetais: o da Floresta Amazônica e o da Mata Atlântica. Por conta disto, oferecia excelentes condições para a fixação dos grupos humanos uma vez que, além das cavernas encravadas na rocha que serviam de habitação, contava também comfauna e flora abundantes onde se conseguia o alimento e, nos rios, lagos e nascentes, a água, indispensável à sobrevivência.
BELEZAS DO PIAUÍ
Luiz Citton/UOL
Pintura que inspirou o logo do Parque Nacional
Divulgação
Cerâmica de inspiração rupestre produzida no Piauí
Luiz Citton/UOL
Passarela de acesso às pinturas rupestres
Luiz Citton/UOL
Vista do Parque Nacional da Serra da Capivara
JÁ OUVIU FALAR DA SERRA DA CAPIVARA? CONTE
FOTOS DO PARQUE NACIONAL
COMO CHEGAR

Cometerá o maior dos enganos aquele que disser que o homem pré-histórico não está mais lá. O legado deixado por esses habitantes nas rochas e no solo do Piauí mantém viva a chama desses nossos ancestrais. Vivem nas histórias da população local, nas pesquisas dos historiadores e, principalmente, no pensamento dos visitantes do parque que, ao se aproximarem de qualquer uma das mais de 35 mil pinturas rupestres espalhadas pelos sítios arqueológicos, não conseguem conter a emoção e deixar de se perguntar: "Como é possível milhares de anos da história do homem estarem bem aqui na minha frente?".

O ser humano tem uma capacidade imensa de surpreender outros de sua espécie com feitos e realizações, frutos de nossa capacidade de raciocinar, de pensar, com a música, a habilidade de contar histórias, e com a arte. No Parque Nacional da Serra da Capivara, Patrimônio Cultural da Humanidade, lembramos que somos um pequeno grão de areia nos desertos do tempo e que a raça humana já sabia como impressionar seus semelhantes muito antes do que nós imaginávamos.

Arte rupestre

Em 1991, o Parque Nacional da Serra da Capivara foi reconhecido pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade por abrigar o maior conjunto de arte rupestre do planeta e vestígios das populações que ocuparam a região sudeste do Piauí desde, pelo menos, 50 mil anos atrás. A reserva é administrada por um convênio entre o poder público e a Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham), que tem como Diretora Presidente, desde a criação da fundação, a pesquisadora Dra. Niède Guidon.

As pinturas foram realizadas durante milênios, ilustrando a vida cotidiana, os cerimoniais e os animais - muito deles hoje inexistentes na região. O Sítio do Boqueirão da Pedra Furada é um autêntico museu a céu aberto e concentra o mais antigo e mais importante sítio arqueológico das Américas.

Cerâmica

Há cerca de 3.500 anos apareceram povos agricultores e ceramistas na área, que sepultavam os mortos em covas na terra ou urnas funerárias. Permaneceram ali até a chegada dos colonizadores, quando foram dizimados. A tradição de usar a terra para produzir a cerâmica, entretanto, permaneceu.

Dentro do parque funciona a Cerâmica Serra da Capivara. Criada pela Fumdham, a associação aprimorou as técnicas dos artesãos locais e criou a cerâmica de inspiração rupestre que se utiliza dos desenhos observados nas pedras para adornar as peças assim que saem dos fornos. A oficina emprega os moradores do entorno do parque e os produtos são comercializados em inúmeras capitais do país e do exterior (www.ceramicacapivara.com).

Dela do Parnaiba - Piaui


Parnaíba reúne a biodiversidade da floresta ao preservado encontro do rio com o mar

No coração da "Rota das Emoções", que contempla também Jericoacoara e Lençóis Maranhenses, o Delta do Rio Parnaíba é um espetáculo à parte. Localizado no extremo norte do Estado do Piauí, na divisa com o Maranhão, é o único delta das Américas que deságua em mar aberto e o terceiro maior do mundo. Suas ramificações, braços formados pelo rio antes de encontrar o mar, desenham um arquipélago com mais de 75 ilhas, dunas, lagoas de água doce e uma exuberante floresta tropical que presencia o espetáculo raro preparado pela natureza.

Santuário ecológico de rara beleza, o delta mantém áreas de preservação que protegem seus mangues, igarapés, lagoas naturais e a fauna silvestre construindo uma paisagem aparentemente intocada pela presença humana. Suas principais divisões delimitam o território das maiores ilhas da região, dotadas de boa infra-estrutura para visitação. São elas: Canárias, Igaraçu, Ilha do Caju, Ilha da Melancieira e Tutóia.

Além do precioso cenário construído pelo encontro das águas do Parnaíba com o mar, o litoral piauíense ainda reserva mais surpresas a serem exploradas. Em seus 66 km de extensão, menor litoral do país, nunca o ditado "melhor qualidade do que quantidade" se fez tão verdade. Em suas praias, visitadas quase que exclusivamente por moradores locais, o clima de tranquilidade se faz presente. Água límpida e transparente e algumas rajadas de vento trazem pescadores, banhistas e os praticantes de kitesurf em busca de adrenalina, unindo o prazer pelo esporte à contemplação da costa paradisíaca.

Artesanato
DELTA DO PARNAÍBA
Luiz Citton/UOL
Pôr-do-sol no Porto de Tatus
Luiz Citton/UOL
Casario histórico no Porto das Barcas
Luiz Citton/UOL
Dunas do Delta
JÁ FOI AO DELTA?
MAIS FOTOS DO DELTA
ONDE FICAR
O setor artesanal do Estado do Piauí tem muitos motivos para se orgulhar. Considerado um dos melhores e mais bonitos do país, construiu na relação do homem com a natureza suas principais fontes de inspiração. Desde o interior do Estado, onde a forte interação com a terra fez nascer uma genuína vocação para a cerâmica, no litoral encontramos novas vertentes para as artes manuais.

Das fibras da carnaúba e das taboas, os artesãos de Luís Correia e Parnaíba retiram a resistência necessária para executar seus trançados. Móveis, balaios e objetos de decoração surgem de uma infinidade de fitas, que unidas e trabalhadas rapidamente pelas habilidosas mãos desses artistas, preenchem os espaços de casas e apartamentos por todo o país. Com um toque mais feminino, as artesãs da Ilha Grande de Santa Isabel dão cores às palhas e criam verdadeiras obras de arte dignas de figurarem nas mais respeitadas vernissages de arquitetura e design de interiores.

Ainda em Ilha Grande, encontramos as famosas rendeiras do Morro da Mariana. Na sede da associação, o som dos bilros se mistura à gostosa conversa entre as mais novas e as já tradicionais artesãs. Em 2001 elas tiveram seus trabalhos consagrados no São Paulo ¬
Fashion Week, quando o estilista Walter Rodrigues levou as trabalhadas rendas para suas criações.

GRUPO DE DISCUSSÃO

NO UOL

Foz do Iguaçu - Paraná


Fabiano Cerchiari
Foz do Iguaçu, no Paraná, oferece espetáculo natural e aventura

Brasil e Argentina compartilham uma paisagem de beleza intensa no oeste do Paraná, em Foz do Iguaçu. Ali a natureza exagerou, em volumes e medidas. As cataratas do rio Iguaçu formam o maior conjunto de quedas d'água da Terra: são cerca de 270 nas duas fronteiras, com alturas entre 40 m e 90 m. Elas estão lá, se exibindo, despudoradas, há milhares de anos, mas somente nas últimas décadas a recepção aos turistas se aperfeiçoou compassarelas e mirantes ousados, que permitem tocar e ser tocado pelo aguaceiro. Ouvir o estrondo das corredeiras a poucos centímetros, com segurança. As cenas que a memória registra em Iguaçu não sairão mais com água e sabão.

Parque Nacional do Iguaçu comemorou 70 anos em 2009 com recorde de público. Foram 1.154.000 visitantes no ano anterior, ou cerca de 3.160 pessoas por dia - o parque abre de segunda a domingo. Grande parte dos turistas, brasileiros e estrangeiros, se concentra na atração principal que é a visão dos borbotões de espuma branca a partir de trilhas e passarelas. E quem deseja mais adrenalina também a encontra em esportes radicais como tirolesa, rapel e rafting no rio Iguaçu, ou nos botes velozes que oferecem um batismo e tanto no mundo da aventura: banho de catarata.
ATRAÇÕES DE FOZ
Fabiano Cerchiari/UOL
Botes velozes levam os turistas até as proximidades das cataratas
Fabiano Cerchiari/UOL
Restaurantes na fronteira servem deliciosas carnes argentinas
Fabiano Cerchiari/UOL
Parque das Aves tem espécies de aves exóticas
Divulgação
Vista aérea da usina hidrelétrica Itaipu Binacional
CONHECE FOZ? CONTE
FOTOS DAS CATARATAS
AVENTURA E ECOTURISMO

Lançado nas festividades do aniversário, o livro 'Meu Vizinho, o Parque Nacional do Iguaçu', de Marcos Sá Corrêa e Lorenzo Aldé, conta a história desta reserva privilegiada de Mata Atlântica por meio de fotografias que cobrem o século 20. Estão lá os moradores de Foz do Iguaçu em trajes de banho da década de 20, que mais pareciam pijamas; as primeiras imagens do Hotel das Cataratas, inaugurado em 1958; e o pioneiro em turismo de emoções fortes, o barman austríaco Franz Kohlenberger, alcunhado 'Tarzan das Cataratas' nos anos 1960.

Quem vê Franz arriscando-se a despencar nos precipícios para se aproximar das corredeiras passa a agradecer pelo conforto dos trajetos suspensos, que permitem aos visitantes ver o conjunto de vários ângulos, nos parques brasileiro e argentino.

Os vizinhos argentinos criaram o Parque Nacional Iguazu antes dos brasileiros, em 1934. Na cidade de Puerto Iguazu, ele merece um dia inteiro de visita pela diversidade dos trajetos no meio da mata. As imagens mais assustadoras surgem ao final das passarelas para o Salto Bosseti e para a Garganta do Diabo.

No parque argentino, uma placa homenageia Álvar Núñez Cabeza de Vaca, o espanhol que desbravou as cataratas em 1541 quando buscava um caminho para o rio da Prata. Três séculos e meio depois, o Brasil começou a descobrir a riqueza do patrimônio de Iguaçu com o empenho de gente ilustre como o engenheiro André Rebouças e o aviador Santos Dumont, visionários no projeto de preservar a área e torná-la de domínio público.

Localizada na Tríplice Fronteira de Brasil, Argentina e Paraguai, a cidade de Foz do Iguaçu tem parque hoteleiro importante e profissionais do turismo que falam dois ou três idiomas. Com passaporte ou carteira de identidade na mão, é possível cruzar as fronteiras dia e noite sem percalços, em automóveis particulares, ônibus ou nos transfers oferecidos por hotéis e agências de receptivo. Considerando que as distâncias oscilam de 10 km a 25 km entre as atrações, há tempo para visitar parques pela manhã no Brasil, fazer compras à tarde no Paraguai e esticar a noite na Argentina, no cassino ou naqueles restaurantes de empanadas e carnes saborosas, regadas a carta de vinhos de Mendoza, Salta, Patagônia...

Pelo menos duas das atrações de Foz merecem visita sem pressa: o Parque das Aves e Itaipu Binacional. A 200 m da entrada do Parque Nacional de Iguaçu, a reserva criada em 1994 por alemães amantes da natureza contrapõe ao show das águas o show das cores de flamingos, guarás, papagaios, araras, tucanos, vulturinas, pavões, gralhas-picaças, mutum-de-penacho, saracuras. Existem aves ameaçadas de extinção, como o cuiú-cuiú, o mutum-cavalo e o macuco. Outras vieram de longe, da África e da Ásia. E algumas foram aleijadas para sempre por traficantes. Uma placa avisa que uma arara-azul - uma arara-azul! - encolhida no tronco teve as asas amputadas antes de ser resgatada pela polícia florestal.

O Parque das Aves, a propósito, recepciona os visitantes com uma tese radical, exposta numa antiga lenda nórdica, a Árvore da Vida: a natureza, para sobreviver, pode dispensar a presença de seres humanos.

Foz do Iguaçu viu sua população se multiplicar a partir dos anos 70, com a construção da Hidrelétrica de Itaipu, obra monumental administrada por brasileiros e paraguaios. Em 2009, completam-se 25 anos desde que a primeira unidade passou a gerar energia. Segundo os administradores, Itaipu recebe cerca de 800.000 visitantes por ano, entre turistas, estudantes e técnicos, nos dois países. As opções de passeio ganharam diversidade de cenários: circuito panorâmico, visita ao interior da usina, trilhas na reserva biológica, museu, passeio da catamarã no Lago de Itaipu, show de luzes e música diante da barragem nas noites de sexta e sábado. Itaipu iluminada é de estarrecer.

Decidiu ir a Foz? Então prepare-se para decisões de maior envergadura, já que os orçamentos de férias são limitados e alguns custos ficam elevados. Ou isto ou aquilo: dá para comprar roupas e chocolates de novo, ou se dar o presente que é partir de bote rumo às cataratas, receber a enxurrada no rosto e ainda sair de lá vivo e feliz. Dá para adquirir mais bebidas e equipamentos eletrônicos, ou experimentar o luxo de um circuito de helicóptero, com a família reunida. E depois de ver e ouvir o estrondo das águas de Iguaçu desde baixo e desde cima, recomenda-se um curso rápido para aprender a uivar, porque a linguagem verbal depôs as armas e não dá mais conta do recado.

Curitiba - Paraná


Cris Gutkoski/UOL

Querida do turismo de negócios, Curitiba valoriza parques e praças e sedia festivais culturais

Capital sulista, de frio intenso no inverno, Curitiba lembra Buenos Aires e cidades européias na valorização e na beleza de seus parques e praças. São dezenas de áreas verdes, de todos os tamanhos, com atrações que se multiplicam. Lagos, chafarizes, jardins, trilhas, mirantes e quedas d'água iluminando pedreiras, museus, aves, peixes, pontes, esculturas, brinquedos infantis. Parques e praças curitibanos mudam de cor a cada estação e enchem os olhos dos turistas.

A metrópole paranaense tem 1,8 milhão de habitantes e, segundo pesquisa da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisa Econômica) da USP (Universidade de São Paulo) em 2007, é a terceira cidade brasileira mais procurada por estrangeiros para o turismo de negócios e eventos. No topo deste ranking estão São Paulo e Rio de Janeiro. Contribuem para a destacada posição as redes hoteleira e gastronômica, os serviços de transporte público e inovações arquitetônicas, como a integração de centros de convenções a shopping centers. Fica tudo perto, fácil, rápido.

Os parques também divulgam a marca da imigração. O Bosque Alemão homenageia os pioneiros de 1833 e o Bosque do Papa celebra os poloneses e a nacionalidade de um visitante ilustre, Karol Wojtila, o papa João Paulo 2º. O primeiro de todos os parques da cidade, o Passeio Público, de 1886, guarda o Memorial Árabe, enquanto o Parque Tingüi abriga coleções de pessankas (o ovo pintado, símbolo da ressurreição) e imagens sacras no Memorial Ucraniano. No Paraná residem 90% dos ucranianos e descendentes que estão no Brasil.

Bowkalowski, Wolochtchuk, Kulczynskyj, Leminski, Rischbieter, Modkowski, Kozak, Krajcberg, Recchia, Stellfeld. Em qualquer sala de aula de Curitiba há uma lista de chamada composta de tais sonoridades. Os sotaques e as culturas dos imigrantes impregnam a visita a esta cidade brasileira de gostos e ritmos internacionais. As copiosas refeições italianas no bairro Santa Felicidade têm banquetes eslavos como concorrentes, no Setor Histórico. Na programação regular de espetáculos há flamenco e danças polonesas.

E, para beber, vodca. Nem o vinho dos gaúchos, nem os chopes dos catarinenses. De fabricação regional, russa ou finlandesa, a vodca ajuda a enfrentar o clima subtropical. Mesmo nos meses de verão a temperatura pode baixar de 20ºC. E, no inverno, chega a zero ou menos nas madrugadas.

Não é difícil conhecer parte de Curitiba em passeios a pé, por conta das calçadas largas, arborizadas, e das ruas e avenidas bem sinalizadas. Mas não dispense os ônibus, que compõem a identidade da capital. A praça Rui Barbosa, por exemplo, concentra dezenas daqueles tubos transparentes para embarque e desembarque. As linhas são integradas num único bilhete. Aos domingos, as passagens têm desconto.

Linha Turismo é um serviço especial, mais caro e confortável, que funciona de terça a domingo. O ônibus percorre 25 pontos de interesse em duas horas e meia, sendo que o bilhete dá direito a quatro reembarques. Vale a pena fazer o trajeto logo no primeiro dia na cidade, para ter uma idéia das distâncias. Cartão-postal com estufa e canteiros geométricos, o Jardim Botânico está entre os mais concorridos. O Teatro Guaíra surge no roteiro logo após o Mercado Municipal. Parecem estar próximos, mas uma caminhada se revela longa, são dez quarteirões. A Ópera de Arame fica a meia hora, de ônibus, da Torre Panorâmica, uma torre de telefonia com mirante circular a 105 m de altura. Os horários afixados nas paradas ajudam a programar quantos e quais pontos visitar num dia.

Festivais culturais

Curitiba também ganhou fama pela qualidade de seus festivais culturais. Já com década e meia de existência, o Festival de Teatro funciona como encontro marcado da classe artística, de vários Estados, a cada mês de março. Outras celebrações anuais coletivas com público cativo são o Festival Espetacular de Teatro de Bonecos e a Oficina de Música. Para quem está de visita, todos oferecem a chance de conhecer o variado cardápio de salas de espetáculo, das pequenas às portentosas, como o Guairão, com 2.173 lugares, e o Teatro Vitória, com 1.500 lugares.

Boa parte do patrimônio histórico é relativamente recente. Nos anos 50, surgiu a primeira sala do Teatro Guaíra, o Centro Cívico e o Mercado Municipal. A Rua das Flores, primeiro calçadão do Brasil, foi fechada nos anos 70, mesma época dos projetos do parque Barigüi e da Rodoferroviária. A Ópera de Arame foi inaugurada nos anos 80; os parques Tanguá e Jardim Botânico, nos anos 90, pouco antes da moderna Arena da Baixada.

O século 21 trouxe dois presentes na área dos museus: o Museu Oscar Niemeyer e o Espaço Perfume. O primeiro deixa o visitante em êxtase antes da entrada, quando ele se depara com a torre monumental e os grandes vãos livres da primeira ala projetada por Niemeyer. Dá vontade de fazer como as crianças e apostar corrida no piso, ou na rampa. Por falar em crianças, as famílias não se vêem em apuros para entreter os pequenos. Brinquedos e bichos em parques e praças dão conta do recado -o Barigüi tem até parque de diversões.

Curitiba se prepara há décadas para receber bem o turista. Entre os confortos recentes está a programação cultural do mês disponível na Internet, com a agenda antecipada de shows de música, festas, teatro, artes visuais. Dependendo do evento, dá para chegar lá com o ingresso garantido. Ou pelo menos com o horário e o endereço certos na mão.

E não se assuste com a cordialidade incomum de taxistas, recepcionistas, garçons, vendedores. Eles usam frases do tipo 'permite que lhe ajude?', 'desculpe interromper, mas...', 'gostaria de receber mais informações?', 'posso sugerir um passeio?'. Uma educação ancestral, discreta, sob medida para demonstrar que o recém-chegado é bem-vindo.

Aiuruoca - Minas Gerais


Guilherme Andrade/UOL
Paraíso do ecoturismo, Aiuruoca preserva a natureza no sul de Minas

Quando o sol raiou no tão esperado dia desta viagem, eu já ia longe. Acelerava meu fusquinha numa paisagem de cartão postal pelo Sul de Minas, um caminho muito especial. E também Real, para minha surpresa. É o que indicavam as placas: aqui e ali, Sua Majestade, a Estrada Real, ora atravessava o asfalto, ora se unia no traçado da rodovia moderna. Assim, sem antes planejar, acompanhei parte desse caminho construído para escoar o ouro de Vila Rica (Ouro Preto) ao porto de Paraty. E fui passando por diversas cidades que surgiram às suas margens na época colonial, até chegar ao meu destino, Aiuruoca, um antigo arraial minerador de 1706.

Antes mesmo de chegar, faltando poucos quilômetros para entrar na cidade, tive uma bela recepção; o Pico do Papagaio, uma imponente formação rochosa de 2100m, um dos pontos mais altos do município. Vem dele o nome da cidade, originalmente do tupi ajuru (papagaio) e oca (casa), pois viviam no local bandos de papagaios de peito roxo.

O maciço de pedra está protegido pelo Parque Estadual da Serra do Papagaio, uma área de 22.917 hectares com incontáveis atrativos e uma natureza singular. Parece brincadeira, mas logo na primeira caminhada encontrei Pau-Brasil, arbustos retorcidos como a Candeia e muitas Araucárias, respectivamente, vegetação típica de mata atlântica, cerrado e mata de altitude. A fauna, do mesmo modo, se espalha triplicada pelas montanhas. Tucanos, lobos-guará e até onças também podem ser vistas na região.

Essa biodiversidade toda se espalha ainda pela APA (Área de Preservação Ambiental) da Serra da Mantiqueira, que abrange cerca de 50% de Aiuruoca. Dentro dela, há o Vale do Matutu, a 17 km da cidade. Unidos, os moradores do Matutu se esforçam na conservação e manutenção das florestas nativas. E nos combates a incêndios - os próprios guias são brigadistas voluntários. O acesso, complicado nos dias de chuva, recompensa qualquer esforço. E aqui vai um conselho de amigo: se você não dispõe de veículo apropriado e/ou não tem experiência em dirigir em estrada de terra, deixe o carro na cidade e siga tranqüilo nos veículos próprios das agências, com guia incluso. Como o carismático Herbie 53, um fusquinha decorado à imagem e semelhança de seu primo hollywoodiano.

Em Aiuruoca quase todo o relevo é montanhoso e acidentado, com apenas 5% de terrenos planos. Por isso, o lugar conta com mais de 80 cachoeiras e ribeirões. Entre eles, o rio Aiuruoca, com a nascente mais alta (e provavelmente gelada) do país, a 2.450m, e a maravilhosa Cachoeira do Tombo, com acesso a pé a partir da cidade.

Um animado carnaval sacode a cidade uma semana antes do resto do Brasil. A tradição começou na década de 1930, na verdade, com a proibição da festa na data oficial, pois segundo o então pároco Monsenhor Nagel, o período deveria ser aproveitado para vivências, reflexões e orações. Generoso, porém, permitiu sua realização na semana anterior, criando um diferencial que atrai desde então cada vez mais foliões.

Seja para descanso, badalação ou caminhar pelas trilhas, planeje bem sua viagem. Os meses de novembro a fevereiro são os mais quentes e chuvosos (leve uma capa impermeável). Já entre abril e agosto o tempo fica mais firme; em compensação, os termômetros despencam durante a noite (não se esqueça dos agasalhos). E para garantir o sucesso do passeio acrescente na lista um bom par de botas para caminhar, cantil, protetor solar, boné e o mais importante, um reforçado café da manhã.

Brasília - Distrito Federal


Liana Ha

Planejada para impressionar como a capital do país, Brasília é patrimônio cultural da humanidade

Brasília é uma cidade como nenhuma outra. Ali as grandes extensões de prédios e áreas verdes se conectam num elegante traçado. Cidade planejada para impressionar como a capital do país, é patrimônio cultural da humanidade desde 1987.

No meio do cerrado do Planalto Central, o cenário dearquitetura imponente abriga as decisões dosPoderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Brasília sofre de superexposição nos telejornais. Percorrê-la como visitante permite a visão horizontal dosmonumentos nacionais (o Congresso, a Catedral, o Palácio da Alvorada) normalmente vistos recortados pelas câmeras.

Por conta do clima seco, com a umidade do ar caindo a níveis alarmantes de junho a setembro, o urbanista Lúcio Costa e o arquiteto Oscar Niemeyer projetaram espelhos d'água do tamanho de lagos e mesmo um lago artificial, o Paranoá. Em Brasília, o céu real parece estar ao alcance da mão. Na luz do dia, as águas do solo e os vidros espelhados nas alturas dos prédios fazem a gentileza de multiplicar os azuis virtuais.

Nos anos 40, Niemeyer já havia abalado as estruturas da arquitetura modernista com o Complexo da Pampulha, em Belo Horizonte. Uma década depois ele começou a desenhar a nova capital federal a pedido do presidente Juscelino Kubitschek, permitindo-se ousadias de variada estirpe.

Catedral Metropolitana, por exemplo. No mundo, os fiéis costumam subir degraus para ingressar num templo católico. Em Brasília, é preciso descer abaixo do nível do solo. O Supremo Tribunal Federal é um lugar de decisões peso-pesado. Pois no prédio de Niemeyer a leveza dá ordens nas fachadas, com pilastras duplamente arqueadas que parecem recusar o suporte do chão e ainda suspender o teto na ponta dos dedos.
Arte UOL
A imagem de Juscelino Kubitschek paira sobre o cenário de sonho que, quase 50 anos após a inauguração, em abril de 1960, é futurista e retrô ao mesmo tempo. O nome do ex-presidente batiza o aeroporto, um hotel, uma bonita ponte do Lago Sul, coberta por estruturas brancas que lembram pernas cruzadas. Femininas, supostamente. JK também surge em estátua, diante de seu Memorial, num pedestal gigantesco com contornos de foice soviética, mais uma provocação do arquiteto comunista nascido em 1907.

Para espairecer de tanta arquitetura, a cidade oferece grandes áreas de lazer ao ar livre, como o Parque da Cidade, o Zoológico e o Parque Nacional de Brasília, este a 10 km do centro, com trilhas e piscinas naturais de água gelada. Quem se dispõe a viajar um pouco mais encontra ótimos pontos de mergulho no Parque Municipal de Itiquira, em Formosa, diante de uma das mais altas cachoeiras do país.

Como quase todas as metrópoles, Brasília ganha ànoite belezas insuspeitadas na correria do horário comercial. No pôr-do-sol, nos meses da seca, o céu fica da cor do fogo. Nas redondezas da Praça dos Três Poderes, pontos de luz duplicados nos espelhos d'água realçam as linhas curvas e retas dos palácios e também as famosas esculturas diante deles.

A noite amplia os espaços de convivência, seja em banquetes oficiais ou nas dezenas de bares e restaurantes dos setores comerciais, alguns com música ao vivo, outros diante da paisagem privilegiada do Lago Paranoá. É quando os turistas têm a chance de interagir com uma parte de Brasília ausente dos telejornais, os moradores, chamados candangos, por terem nascido ou se estabelecido ali.

O Distrito Federal tem cerca de 2,4 milhões de habitantes, somando Brasília e as cidades-satélite. Entre os setores comercial, residencial e hoteleiro, circulam milhares de funcionários públicos, políticos e assessores de políticos, instalados provisória ou permanentemente. Com sotaques e figurinos que representam as cinco regiões do país, os habitantes são guardiões da memória viva de uma cidade única no mundo.

Prado - Bahia


Abrolhos e Caravelas


Caravelas - Segunda cidade mais antiga do Brasil, Caravelas é de onde partem as embarcações que levam até o arquipélago de Abrolhos. Na cidade, há algumas opções de hospedagem e um centro de visitantes do Parque Nacional Marinhos dos Abrolhos, que abriga uma réplica da baleia jubarte. Praia do Quitongo.

Abrolhos - O arquipélago fica a 70km da costa de Caravelas e abriga um conjunto de cinco ilhas de origem vulcânica em seus 90.000 hectares, mas apenas uma pode ser visitada pelos turistas. O santuário marinho é uma das regiões preferidas de reprodução das baleias jubarte, que ficam na costa brasileira de junho a novembro. Os recifes de corais endêmicos são objetos de pesquisa pela variedade de espécies que abrigam.
O SHOW DAS BALEIAS JUBARTE
CICLO DE REPRODUÇÃO DAS JUBARTE

A entrada é controlada pelo ICMbio, órgão ligado aoIbama e, ao desembarcarem na Ilha Siriba, os turistas são acompanhados por um guarda-parque que dá instruções e explica sobre o modo de vida dos pássaros atobás que vivem no local. A Ilha de Santa Bárbara, onde fica o farol, é onde moram oficiais da Marinha brasileira.

Conhecida como a segunda melhor região de água salgada para a prática do mergulho no Brasil, onde é possível descer até 20 metros de profundidade, o Parque abriga quatro navios naufragados explorados por mergulhadores profissionais que se aventuram na região.

O turista pode optar por se hospedar em um dos hotéis ou pousadas de Caravelas ou em alguma das cidades próximas, como Alcobaça ou Prado. Além disso, para quem gosta do balanço do mar, há embarcações que oferecem pacotes para dormir a bordo. Veja sugestões de barco-hotéis em onde ficar.